quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Santuário dos Montes Guararapes abrirá Porta Santa nesta sexta-feira

Solenidade do Ano da Misericórdia começará às 16h30

O Santuário de Nossa Senhora dos Prazeres, nos Montes dos Guararapes, em Jaboatão, abrirá a Porta Santa, nesta sexta-feira (18), às 16h30. A solenidade marca o início do Ano Santo Extraordinário do Jubileu da Misericórdia.

Ao instituir esta data para a abertura da Porta, o Papa Francisco deseja recordar aos fiéis que é da Misericórdia Divina que provém a alegria do cristão. "Entrar por aquela Porta significa descobrir a profundidade da misericórdia do Pai que a todos acolhe e vai pessoalmente ao encontro de cada um. Neste Ano, deveremos crescer na convicção da misericórdia", pediu o Santo Padre, na abertura da Porta Santa no Vaticano.

O guardião do Santuário dos Montes dos Guararapes, Dom André dos Santos Vicente, convida os fiéis para participarem do momento histórico. “É uma data muito significativa para a igreja. Convocamos todos para que venham vivenciar conosco”, afirmou o sacerdote.

Porta Santa - É na tradição cristã próprio Cristo. “Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem” (Jo 10,9). É toda porta no espaço sagrado de um templo que representa Cristo, pois por Ele entramos no Seu mistério. Portanto, passar pela Porta Santa significa que temos o objetivo de nos renovarmos, um convite para entrarmos mais ainda no Mistério do Cristo que é o Mistério da Vida.

Na Igreja Católica a Porta Santa é celebrada junto aos jubileus, em geral, a cada 25 anos, mas é possível que o papa proclame um Jubileu Extraordinário, como fez o Papa Francisco, que promulgou o próximo ano como santo, para que seja “O tempo favorável, o dia da salvação” (2 Cor 6,2).

A Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes foi construída nas primeiras décadas do século XVII, nas terras doadas pelo capitão Alexandre Moura, o proprietário do Engenho Guararapes, no atual município de Jaboatão dos Guararapes.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Dom Fernando e Padre João Carlos no encerramento da Festa de NS dos Prazeres

O arcebispo de Olinda e Recife Dom Fernando Saburido e padre João Carlos confirmaram presença no encerramento da Festa de Nossa Senhora dos Prazeres, no Santuário dos Montes dos Guararapes.

Nesta segunda-feira (13), último dia da Festa, Dom Fernando presidirá a celebração da 11h. Padre João Carlos fará um show na chegada da procissão, que tem saída prevista para as 15h. O sacerdote cantará seus principais sucessos, como Quem Me Tocou, Meu Bom Deus, entre outras. 

A Festa de Nossa Senhora dos Prazeres está 358º edição e começou no último domingo. A programação segue até esta segunda-feira, com novenas missas e shows. O tema deste ano é "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38).

"Ainda temos uma extensa programação até a segunda-feira e gostaria de convidar a todos a participarem, principalmente quem ainda não conhece o Santuário. A Festa é uma bênção", afirmou o Santuário de Nossa Senhora dos Prazeres, Dom André Vicente.

Confira a programação   

 Dia 10/04 – (SEXTA-FEIRA DA OITAVA DE PÁSCOA)
19:00h – Novena de Nossa Senhora dos Prazeres
19:30h – Celebração Eucarística.
Celebrante: Pe. Acácio Carvalho Paz de Andrade.
Noiteiros: Paróquia de Nossa Senhora do Loreto (Piedade), Comunidades, ENS e EJNS.

Dia 11/04 – (SÁBADO DA OITAVA DE PÁSCOA)
08:00h – Celebração Eucarística
Celebrante: Dom Plácido de Azevedo Pontes, OSB.
Convidado:Comunidade do Santuário de Nossa Senhora dos Prazeres.
16:00h – Celebração Eucarística
19:00h – Novena de Nossa Senhora dos Prazeres
19:30h – Celebração Eucarística.
Celebrante: Dom Antônio Tourinho Neto (Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife) e Mons. Edvaldo Bezerra da Silva.
Noiteiros: Secretaria de Cultura, Guarda Municipal, IPHAN e Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem.

Dia 12/04 – (SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA)
07:30h – Celebração Eucarística.
Celebrante:.Pe. André de Vasconcelos Martins.
Convidados: Paróquia do Sagrado Coração de Jesus (Curado II).
10:00h – Celebração Eucarística.
Celebrante: Dom Bruno Carneiro Lira, OSB.
Convidados: Comunidade do Santuário de Nossa Senhora dos Prazeres.
16:00h – Celebração Eucarística.
Celebrante: Mons. Maurício Roberto Diniz Souza (Moreno)
Convidados: 19:00h – Novena de Nossa Senhora dos Prazeres
19:30h – Celebração Eucarística.
Celebrantes: Dom  Prior Luiz Pedro Soares, OSB (Prior do Mosteiro de São Bento de Olinda) e Dom Policarpo Ribeiro de Menezes, OSB (Sub-prior do Mosteiro de São Bento de Olinda).  
Noiteiros: Comunidade Beneditina do Mosteiro de São Bento de Olinda, Equipe de Nossa Senhora (ENS) e a Prefeitura Municipal do Jaboatão dos Guararapes.

Dia 13/04 – (SEGUNDA-FEIRA DA SEGUNDA SEMANA DA PÁSCOA – DIA DA FESTA)
07:00h – Celebração Eucarística.
Celebrante: Dom José Antero Floriano, OSB.
Convidados: Comunidade do Santuário de Nossa Senhora dos Prazeres e Casa de Jacó.
09:00h – Celebração Eucarística.
Celebrante: Pe. Ivan de Medeiros Júnior (Capelão do Exército).
Convidados: Exército Brasileiro e Comunidade de Nossa Senhora dos Prazeres.
11:00h -  Celebração Eucarística. (Bênção das Rosas)
Celebrante: Dom Fernando Saburido. Concelebrantes: Pe. Fábio dos Santos.
Convidados: Paróquia de Nossa Senhora do Rosário – Novo Guararapes e Capelas de São Pio X e Nossa Senhora de Fátima.
15:00h – Procissão da Imagem de Nossa Senhora dos Prazeres.
Concentração e saída no Santuário, percorrendo a Estrada da Batalha, Av. Barreto de Menezes no sentido Cajá, com destino ao Santuário.
NA SAÍDA DA PROCISSÃO: MISSA FESTIVA SOLENE CAMPAL
Celebrante: Dom Luiz Pedro Soares, OSB  ( Prior do Mosteiro de São Bento de Olinda),  Concelebrantes: Dom André dos Santos Vicente, OSB  (Guardião do Santuário de Nossa Senhora dos Prazeres); Pe. Ivan de Medeiros Júnior  (Capelão do Exército do Comando Militar do Nordeste), Pe José Eudes da Cunha (Capelão do Exército do Comando Militar do Nordeste), Pe João Batista (Capelão do Exército do Comando Militar do Nordeste)  e demais Padres presentes.
Show com padre João Carlos na chegada da procissão.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Divulgada programação da Festa de NS dos Prazeres 2015

O Santuário dos Montes dos Guararapes, em Jaboatão, divulgou a programação da Festa de Nossa Senhora dos Prazeres 2015. A abertura será no Domingo de Páscoa, dia 5 de abril, e o encerramento no dia 13. Este ano é a 358º edição de uma das manifestações religiosas mais tradicionais do Brasil.

O tema da festa é "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38). Nessa passagem, Maria aceita plenamente a Palavra de Deus e se coloca à disposição. O ato está em consonância com o tema da Campanha da Fraternidade: "Eu vim para servir" (Mc 10,45).

No Domingo de Páscoa, a festa começa com a procissão da bandeira, que atrai milhares de fiéis. Ela sai Av. Barreto de Menezes, às 15h, e segue até o Santuário. A missa está marcada para as 17h e será celebrada pelo Prior do Mosteiro de São Bento de Olinda, Dom Luiz Pedro Soares, pelo Vigário Geral da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Genival Saraiva de França. Os concelebrantes serão o Guardião do Santuário de Nossa Senhora dos Prazeres, Dom André dos Santos Vicente, e Dom José Antero Floriano.

Na segunda-feira, dia 6, haverá a Novena de Nossa Senhora dos Prazeres, às 19h, e em seguida a missa celebrada pelo Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido. O Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Antônio Tourinho Neto, celebrará a missa no dia 11, às 19h30. O encerramento da Festa será no dia 13, com programação das 7h às 17h.
      

Clique aqui para conferir a programação completa e a história da festa.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Festa de Nossa Senhora dos Prazeres é destaque no Jornal do Commercio

A tradicional Festa de Nossa Senhora dos Prazeres foi destaque no Jornal do Commercio deste domingo (22), na Coluna Caminhos da Fé, no Jornal do Commercio. Confira o artigo

CATÓLICOS - FÉ E CELEBRAÇÃO NO MONTE GUARARAPES

Hildo Neto
A celebração da vitória dos pernambucanos sobre os holandeses na Batalha dos Guararapes chegará a 358ª edição este ano. No clima de muita fé e devoção, a Festa de Nossa Senhora das Vitórias, também conhecida como Nossa Senhora dos Prazeres, ocorre por oito dias, no mês de abril, no Santuário dos Montes dos Guararapes.

Em todos os anos, a Festa começa no Domingo de Páscoa, com a Procissão da Bandeira de Nossa Senhora dos Prazeres. A caminhada atrai milhares de devotos e admiradores. Nos dias que seguem, os fiéis participam de celebrações, novenas e atividades realizadas no Santuário. Paralelo à comemoração religiosa, ocorrem festejos populares, com shows, feiras e apresentações folclóricas.

O tema da festa este ano será "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38). Nessa passagem, Maria aceita plenamente a Palavra de Deus e se coloca à disposição. O ato está em consonância com o tema da Campanha da Fraternidade: "Eu vim para servir" (Mc 10,45).

Essa é uma das manifestações religiosas mais antigas e tradicionais do Brasil. O Santuário de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes dos Guararapes foi construído nas primeiras décadas do século XVII. Foi por lá que João Fernandes Vieira, André Vidal de Negreiros, Filipe Camarão e Antônio da Silva travaram as batalhas decisivas contra os holandeses.

"Nossa Senhora dos Prazeres me deu a graça de ser o guardião do seu Santuário. Eu tenho a alegria de ser testemunha da fé dos fiéis. É um grande aprendizado ver a devoção dos romeiros que durante todo o ano visitam este lugar sagrado e de romaria", conta o monge beneditino Dom André dos Santos Vicente, responsável pelo local.

A primeira nação católica a festejar os prazeres de Nossa Senhora foi Portugal. O título de Nossa Senhora dos Prazeres provém da comemoração das sete maiores alegrias ou prazeres que a Santíssima Virgem teve aqui na Terra: a Anunciação, a saudação de Isabel, o Nascimento de Jesus, a visitação dos Reis Magos, o encontro com Jesus no Templo quando ele conversava com os doutores da Lei, a aparição de Jesus Ressuscitado e a coroação de Maria no céu.

Segundo o imaginário religioso popular, nos Montes dos Guararapes, Nossa Senhora combateu ao lado dos católicos contra os inimigos holandeses. De Jaboatão dos Guararapes essa devoção se espalhou pelo Brasil.

Concluo com um trecho da oração de Nossa Senhora dos Prazeres: "Queremos viver o mandamento do amor para com todos e caminhar em nossa vida dentro da justiça, colaborando para a construção da paz e da fraternidade. Amém!"

Hildo Neto é jornalista e colaborador do Santuário de N.Sra dos Prazeres, nos Montes dos Guararapes

quinta-feira, 12 de março de 2015

Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2015

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO 
PARA A QUARESMA DE 2015
 Fortalecei os vossos corações (Tg 5, 8)

Amados irmãos e irmãs,

Tempo de renovação para a Igreja, para as comunidades e para cada um dos fiéis, a Quaresma é sobretudo um «tempo favorável» de graça (cf. 2 Cor 6, 2). Deus nada nos pede, que antes não no-lo tenha dado: «Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro» (1 Jo 4, 19). Ele não nos olha com indiferença; pelo contrário, tem a peito cada um de nós, conhece-nos pelo nome, cuida de nós e vai à nossa procura, quando O deixamos. Interessa-Se por cada um de nós; o seu amor impede-Lhe de ficar indiferente perante aquilo que nos acontece. Coisa diversa se passa connosco! Quando estamos bem e comodamente instalados, esquecemo-nos certamente dos outros (isto, Deus Pai nunca o faz!), não nos interessam os seus problemas, nem as tribulações e injustiças que sofrem; e, assim, o nosso coração cai na indiferença: encontrando-me relativamente bem e confortável, esqueço-me dos que não estão bem! Hoje, esta atitude egoísta de indiferença atingiu uma dimensão mundial tal que podemos falar de uma globalização da indiferença. Trata-se de um mal-estar que temos obrigação, como cristãos, de enfrentar.

Quando o povo de Deus se converte ao seu amor, encontra resposta para as questões que a história continuamente nos coloca. E um dos desafios mais urgentes, sobre o qual me quero deter nesta Mensagem, é o da globalização da indiferença.

Dado que a indiferença para com o próximo e para com Deus é uma tentação real também para nós, cristãos, temos necessidade de ouvir, em cada Quaresma, o brado dos profetas que levantam a voz para nos despertar.

A Deus não Lhe é indiferente o mundo, mas ama-o até ao ponto de entregar o seu Filho pela salvação de todo o homem. Na encarnação, na vida terrena, na morte e ressurreição do Filho de Deus, abre-se definitivamente a porta entre Deus e o homem, entre o Céu e a terra. E a Igreja é como a mão que mantém aberta esta porta, por meio da proclamação da Palavra, da celebração dos Sacramentos, do testemunho da fé que se torna eficaz pelo amor (cf. Gl 5, 6). O mundo, porém, tende a fechar-se em si mesmo e a fechar a referida porta através da qual Deus entra no mundo e o mundo n'Ele. Sendo assim, a mão, que é a Igreja, não deve jamais surpreender-se, se se vir rejeitada, esmagada e ferida.

Por isso, o povo de Deus tem necessidade de renovação, para não cair na indiferença nem se fechar em si mesmo. Tendo em vista esta renovação, gostaria de vos propor três textos para a vossa meditação.

1. «Se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros» (1 Cor 12, 26): A Igreja.
Com o seu ensinamento e sobretudo com o seu testemunho, a Igreja oferece-nos o amor de Deus, que rompe esta reclusão mortal em nós mesmos que é a indiferença. Mas, só se pode testemunhar algo que antes experimentámos. O cristão é aquele que permite a Deus revesti-lo da sua bondade e misericórdia, revesti-lo de Cristo para se tornar, como Ele, servo de Deus e dos homens. Bem no-lo recorda a liturgia de Quinta-feira Santa com o rito do lava-pés. Pedro não queria que Jesus lhe lavasse os pés, mas depois compreendeu que Jesus não pretendia apenas exemplificar como devemos lavar os pés uns aos outros; este serviço, só o pode fazer quem, primeiro, se deixou lavar os pés por Cristo. Só essa pessoa «tem a haver com Ele» (cf. Jo 13, 8), podendo assim servir o homem.

A Quaresma é um tempo propício para nos deixarmos servir por Cristo e, deste modo, tornarmo-nos como Ele. Verifica-se isto quando ouvimos a Palavra de Deus e recebemos os sacramentos, nomeadamente a Eucaristia. Nesta, tornamo-nos naquilo que recebemos: o corpo de Cristo. Neste corpo, não encontra lugar a tal indiferença que, com tanta frequência, parece apoderar-se dos nossos corações; porque, quem é de Cristo, pertence a um único corpo e, n'Ele, um não olha com indiferença o outro. «Assim, se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria» (1 Cor 12, 26).

A Igreja é communio sanctorum, não só porque, nela, tomam parte os Santos mas também porque é comunhão de coisas santas: o amor de Deus, que nos foi revelado em Cristo, e todos os seus dons; e, entre estes, há que incluir também a resposta de quantos se deixam alcançar por tal amor. Nesta comunhão dos Santos e nesta participação nas coisas santas, aquilo que cada um possui, não o reserva só para si, mas tudo é para todos. E, dado que estamos interligados em Deus, podemos fazer algo mesmo pelos que estão longe, por aqueles que não poderíamos jamais, com as nossas simples forças, alcançar: rezamos com eles e por eles a Deus, para que todos nos abramos à sua obra de salvação.

2. «Onde está o teu irmão?» (Gn 4, 9): As paróquias e as comunidades
Tudo o que se disse a propósito da Igreja universal é necessário agora traduzi-lo na vida das paróquias e comunidades. Nestas realidades eclesiais, consegue-se porventura experimentar que fazemos parte de um único corpo? Um corpo que, simultaneamente, recebe e partilha aquilo que Deus nos quer dar? Um corpo que conhece e cuida dos seus membros mais frágeis, pobres e pequeninos? Ou refugiamo-nos num amor universal pronto a comprometer-se lá longe no mundo, mas que esquece o Lázaro sentado à sua porta fechada (cf. Lc 16, 19-31)?

Para receber e fazer frutificar plenamente aquilo que Deus nos dá, deve-se ultrapassar as fronteiras da Igreja visível em duas direcções.

Em primeiro lugar, unindo-nos à Igreja do Céu na oração. Quando a Igreja terrena reza, instaura-se reciprocamente uma comunhão de serviços e bens que chega até à presença de Deus. Juntamente com os Santos, que encontraram a sua plenitude em Deus, fazemos parte daquela comunhão onde a indiferença é vencida pelo amor. A Igreja do Céu não é triunfante, porque deixou para trás as tribulações do mundo e usufrui sozinha do gozo eterno; antes pelo contrário, pois aos Santos é concedido já contemplar e rejubilar com o facto de terem vencido definitivamente a indiferença, a dureza de coração e o ódio, graças à morte e ressurreição de Jesus. E, enquanto esta vitória do amor não impregnar todo o mundo, os Santos caminham connosco, que ainda somos peregrinos. Convicta de que a alegria no Céu pela vitória do amor crucificado não é plena enquanto houver, na terra, um só homem que sofra e gema, escrevia Santa Teresa de Lisieux, doutora da Igreja: «Muito espero não ficar inactiva no Céu; o meu desejo é continuar a trabalhar pela Igreja e pelas almas» (Carta 254, de 14 de Julho de 1897).

Também nós participamos dos méritos e da alegria dos Santos e eles tomam parte na nossa luta e no nosso desejo de paz e reconciliação. Para nós, a sua alegria pela vitória de Cristo ressuscitado é origem de força para superar tantas formas de indiferença e dureza de coração.

Em segundo lugar, cada comunidade cristã é chamada a atravessar o limiar que a põe em relação com a sociedade circundante, com os pobres e com os incrédulos. A Igreja é, por sua natureza, missionária, não fechada em si mesma, mas enviada a todos os homens.

Esta missão é o paciente testemunho d'Aquele que quer conduzir ao Pai toda a realidade e todo o homem. A missão é aquilo que o amor não pode calar. A Igreja segue Jesus Cristo pela estrada que a conduz a cada homem, até aos confins da terra (cf. Act 1, 8). Assim podemos ver, no nosso próximo, o irmão e a irmã pelos quais Cristo morreu e ressuscitou. Tudo aquilo que recebemos, recebemo-lo também para eles. E, vice-versa, tudo o que estes irmãos possuem é um dom para a Igreja e para a humanidade inteira.

Amados irmãos e irmãs, como desejo que os lugares onde a Igreja se manifesta, particularmente as nossas paróquias e as nossas comunidades, se tornem ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença!

3. «Fortalecei os vossos corações» (Tg 5, 8): Cada um dos fiéis
Também como indivíduos temos a tentação da indiferença. Estamos saturados de notícias e imagens impressionantes que nos relatam o sofrimento humano, sentindo ao mesmo tempo toda a nossa incapacidade de intervir. Que fazer para não nos deixarmos absorver por esta espiral de terror e impotência?

Em primeiro lugar, podemos rezar na comunhão da Igreja terrena e celeste. Não subestimemos a força da oração de muitos! A iniciativa 24 horas para o Senhor, que espero se celebre em toda a Igreja – mesmo a nível diocesano – nos dias 13 e 14 de Março, pretende dar expressão a esta necessidade da oração.

Em segundo lugar, podemos levar ajuda, com gestos de caridade, tanto a quem vive próximo de nós como a quem está longe, graças aos inúmeros organismos caritativos da Igreja. A Quaresma é um tempo propício para mostrar este interesse pelo outro, através de um sinal – mesmo pequeno, mas concreto – da nossa participação na humanidade que temos em comum.
E, em terceiro lugar, o sofrimento do próximo constitui um apelo à conversão, porque a necessidade do irmão recorda-me a fragilidade da minha vida, a minha dependência de Deus e dos irmãos. Se humildemente pedirmos a graça de Deus e aceitarmos os limites das nossas possibilidades, então confiaremos nas possibilidades infinitas que tem de reserva o amor de Deus. E poderemos resistir à tentação diabólica que nos leva a crer que podemos salvar-nos e salvar o mundo sozinhos.

Para superar a indiferença e as nossas pretensões de omnipotência, gostaria de pedir a todos para viverem este tempo de Quaresma como um percurso de formação do coração, a que nos convidava Bento XVI (Carta enc. Deus caritas est, 31). Ter um coração misericordioso não significa ter um coração débil. Quem quer ser misericordioso precisa de um coração forte, firme, fechado ao tentador mas aberto a Deus; um coração que se deixe impregnar pelo Espírito e levar pelos caminhos do amor que conduzem aos irmãos e irmãs; no fundo, um coração pobre, isto é, que conhece as suas limitações e se gasta pelo outro.

Por isso, amados irmãos e irmãs, nesta Quaresma desejo rezar convosco a Cristo: «Fac cor nostrum secundum cor tuum – Fazei o nosso coração semelhante ao vosso» (Súplica das Ladainhas ao Sagrado Coração de Jesus). Teremos assim um coração forte e misericordioso, vigilante e generoso, que não se deixa fechar em si mesmo nem cai na vertigem da globalização da indiferença.

Com estes votos, asseguro a minha oração por cada crente e cada comunidade eclesial para que percorram, frutuosamente, o itinerário quaresmal, enquanto, por minha vez, vos peço que rezeis por mim. Que o Senhor vos abençoe e Nossa Senhora vos guarde!

Vaticano, Festa de São Francisco de Assis, 4 de Outubro de 2014.

Francisco